“Lembre-se que és mortal” é o mesmo que dizer: lembre-se da morte. Um fato que ninguém quer lembrar e um destino que ninguém quer chegar, mas é inevitável. Pois todos que estão lendo este meu texto, morrerão!
A única condição comum, a única certeza que todos têm é que somos mortais. Um fato irrefutável, porém, ignorado por muitos. A morte é uma realidade inescapável a qual crentes e descrentes, de todos os povos e de todas as épocas, estão sujeitos.
O fúnebre não precisa ser macabro, apenas compõe o término da humanidade para uns e a continuidade da vida para outros. O ciclo é cíclico: As folhas que se desprendem dos galhos fertilizam à terra que produz minerais para as raízes que sustentam as árvores.
Se somos mortais, por que negar essa realidade? Queiramos ou não, o nascimento inaugura a infalível certeza da mortalidade. A criança de hoje será o corpo inerte amanhã. Talvez, por isso, nascemos chorando para que, ao morrermos, possamos esboçar um adeus prazeroso em nossa partida.
O fim imposto pela morte deve nos fazer refletir o que estamos fazendo com a vida. A certeza do fúnebre deveria interferir na qualidade de vida e ornamentar cada estação da nossa existência. Até os momentos difíceis e conturbados que a vida proporciona, deveriam ser recebidos com louvor, visto que, no final do fôlego da vida, até esses indesejados, serão aclamados.
Será que é possível viver feliz mesmo sabendo que, a cada dia que passa, nos aproximamos da morte? Um certo pensador disse: “o sentido da vida é que ela termina”. Essa realidade deve nos fazer apreciar, aproveitar e respeitar a cada segundo da existência humana, porque cada momento é único e não retornará, possibilitando concertos e acertos para as experiencias que ainda não vieram. Isso é interessante, pois é olhando para o final que concertamos o presente, é reconhecendo a morte que reverenciamos à vida. Me parece que, a cada tempo presente que temos, mesmo ínfimo, é como ondas que nos fazem reverberar rumo a praia dos finais.
O acessório mortuário deveria ornamentar às vestes da vivência humana. Seu significado? Mais humanidade humilde, mais humanidade fraternal, mais humanidade condescendente…A necrologia deveria compor os currículos das escolas e universidades para que todos pudessem respeitar a todos e a todas as espécies de vida. A educação mortuária nos levaria a refletir sobre nossas ações e escolhas conforme a vida vai se esvaindo, pois haverá uma noite mais escura para todos: um encontro inevitável com o macabro.
Algumas mensagens expressas nos obituários:
· Vamos enfrentá-la e comparecer, sozinhos.
· Vamos nos apresentar como realmente somos, sem maquiagem.
· Vamos nos apresentar sem nenhuma forma de ajuda ou acessório protetor.
· Vamos estar frente a frente com o nosso maior inimigo, a morte.
· Vamos depender dela para nos abrir a eternidade.
· Vamos nos certificar que não haverá mais nenhum tipo de recurso ou oportunidade seguinte.
É bom que se diga que, a principal função do Evangelho, não é garantir bênçãos, mas nos prestigiar com a salvação. Então, não esqueça, antes de você se distrair buscando bênçãos transitórias ou mesmo reclamando ao céu o reconhecimento da sua fé, lembre- se que ainda há o vale da sombra da morte para ser atravessado.
Contemplar, mesmo por um instante, a realidade fúnebre, o corpo imóvel de alguém querido que já partiu, permite-nos nos reeducar para o curto período de vida que ainda temos. Parece que, se os olhos não veem o falecido, o coração não se prepara para o vazio deixado por ele. A saudade é um espaço que leva tempo para ser preenchido. Feliz é aquele que tem oportunidade de se despedir e homenagear os seus queridos, pois, ainda, depois de mortos, os falecidos falam.
A vida é frágil, mas a morte é indiscutivelmente poderosa, um fato irreversível, onde o recurso econômico, a sabedoria e a influência não contam. Sua realidade é tão impactante que nos faz suspirar por uma existência eterna. E esse desejo da indestrutibilidade humana nos conduz diretamente para os braços do autor da vida, Cristo Jesus. Pois, sabendo que o homem se sente incomodado com a possibilidade da morte, disse:
"Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim, não morrerá eternamente.
O significado de Cemitério é muito importante para os cristãos. Do latim: sementério - lugar que se planta semente, é o lugar onde o corpo é “plantado”, porque vai brotar na ressurreição dos mortos. Aleluia! Eis aí o verdadeiro sentido da vida: crer em Cristo para ter o privilégio de experimentar a ressurreição. Então, quem não morre seguro nas mãos de Jesus, não terá o privilégio da ressurreição e à vida eterna!
“Aqueles que andam retamente entrarão na paz; acharão descanso na morte.” Is. 57:2