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Livra-me, ó Deus, de mim

“Livra‑me dos meus inimigos, ó Deus; protege‑me dos meus agressores.” Sl. ‭59‬:‭1‬‬‬‬‬

01/11/2024 às 10h19 Atualizada em 04/11/2024 às 09h08
Por: Redação
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Tenho que conviver diuturnamente com meu “eu”, meu maior inimigo. Eu sou inimigo de mim mesmo. Esta é a minha sina e a minha jornada: combater o impostor que vive em mim! Dia e noite, noite e dia dou murros e bofetões em mim... um peso intransferível e irreconciliável. Enfrento a mim mesmo sem aparato, sem máscaras e sem arrodeio. São combates épicos com muita dor, perdas e constrangimentos.  Às vezes os combates são tão intensos que não sei quem sou eu e quem é o “eu” que habita em mim. No calor da peleja, chego a pensar, que devo ser uma mistura de nada com coisa nenhuma. Até tento me desverminar, mas não perco a condição de hospedeiro do mal. Este sou eu!

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·       Às vezes penso em usar a força e deixar a longanimidade de lado.

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·       Às vezes julgo, quando eu deveria ter misericórdia.

·       Às vezes sou conivente para não parecer inconveniente.

·       Às vezes digo sim, mas o meu interior anseia pelo não!

·       Às vezes quero o que não me pertence sem o ônus da intromissão.

·       Às vezes desejo o trono e a coroa e descartar para sempre a bacia e a toalha.

·       Às vezes quero abandonar a caverna do anonimato e pôr o meu nome na calçada da fama.

Apesar disso, não há desculpas, não tem desculpas, eu conheço muito bem quem vive em mim, seu nome: natureza pecaminosa. Estamos coabitando sob o mesmo teto por muitos tempos. Somos testemunhas in loco das nossas práticas, ações e pensamentos. Dispensamos quaisquer testemunhas porque o nosso depoimento, basta. Essa clara visão do “eu” não é para qualquer um, é só para aqueles que sabem que não podem transferir a culpa do delito cometido. Ser honesto conosco mesmo é a nossa única glória nesta vida, pois a honestidade nos leva ao arrependimento, e este, à fé, que nos motiva a prosseguir. Quem faz o caminho de volta para si mesmo, demonstra a prontidão para novos tempos.

Infelizmente, o que sabemos a respeito de nós, nos qualifica como maus! Eu até tento me decifrar, mas não concluo, porque sei que não me reconciliarei comigo mesmo nesta vida. Sei perfeitamente que, quanto mais os homens são perfeitos por fora mais demônios se apresentam por dentro. Meu “eu” sonha em denegrir a minha imagem e eu me esforço no que posso para sufocar esse impostor que vive em mim. Vez ou outra, a casa de barro fraca se estremece toda, devido o Vale de Baca que se estabelece no meu interior: sobram pancadas, falta piedade. O bem que tento fazer, isso não faço, e por que não faço? Porque há uma guerra sendo travada em meus membros, executada por mim, mas estrategicamente elaborada pelo “eu”. Por isso, não cessa! Espinho que é espinho não somente rasga à pele como também fere a carne!

Quem me dera fosse os outros os meus algozes, mas sou perseguido por mim mesmo, e, aí, não tenho escapatória, não há mais defesa: me torno júri e juiz de mim mesmo. É um fardo pesado demais para se levar sozinho, mas não conto com outros, mesmo porque, não teriam estômago para me sustentar.  Quem não convive comigo e não conhece a minha história não está à altura de avaliar as minhas avarias, nem de julgar o meu epílogo. Mas para não me tornar uma ameaça ao próximo, preferi viver a solitude: me mantenho em meu cárcere privado, incomunicável e inacessível. Sozinho, permito que eu me conheça melhor, entenda os meus pensamentos, emoções e desejos mais profundos da minh’alma.

Meu “eu” me fere, incomoda e me transforma em subserviente de mim mesmo.  Sou escravo e escravocrata da minha escravidão. Meu “eu”, minha carne, meu nó, ainda que presente na minha existência vaporosa, não pode deter meu olhar para o alto, de onde me vem o socorro.  Aproveito, mesmo em uma oportunidade que se apresente em um milésimo de segundo, eu agarro este milagre e clamo ao Senhor: “Livrame do meu eu, ó Deus; protegeme do meu eu agressor”.  Por isso, faço minhas às palavras de John Knox: tudo de bom que você vê em mim é Cristo, tudo de mau, sou eu mesmo”.

 

  • O pastor Wilson Guimarães atualmente desenvolve um ministério itinerante com palestras teológicas e aconselhamento pastoral. Tem um currículo que o precede, sendo Especialista em Aconselhamento pastoral pelo CPPC (Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos), além de ser Bacharel em Teologia e Exegética, além de possui Especialização em Missões; Especialização em Educação Religiosa; e Especialização em Ministério Integral.
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