Aprendemos por anos a nos defender contra as ciladas do diabo orando e vigiando. Mas se pudéssemos nos prevenir contra ele? Se fosse possível encontrar suas pegadas, ou fazer a leitura de suas digitais, ou sentir o odor de sua presença antes de sua investida, isso não facilitaria a sua identificação e, consequentemente, a nossa vitória? Não daria a nós tempo para se preparar, antes de sua investida maligna?
Observem, por mais absurdo que pareça, temos percebido, que o espaço gerador de pecaminosidade é o nosso mundo interior, onde reside o eu, nossa zona privativa. É ali que reside todo mal, no lixão da nossa consciência humana. Não é à toa que a salvação nos deu o Nós de Cristo (a sua mente) para povoar com a Cruz o nosso maior terreno de guerra, a mente.
Então, qual a nossa participação junto ao mal? Qual o nosso pecado? Ceder à tentação é o nosso crime. Qual o pecado do Diabo? Nos usar na tentação. Veja a complexidade da tentação: nos tornamos o alvo e instrumento do diabo. Então, ele está mais perto que pensamos, pois sua ação sobre nós elabora, com tempo suficiente, não somente, como vai nos derrubar, como também nos usar. Ele está dentro de nós? Veja bem, ele nos conhece pelas nossas ações e pode perfeitamente nos induzir ao erro através das nossas preferências, gostos e desejos. Ainda, o Diabo não recicla as suas tentações apenas replica as suas investidas sobre nós, ou seja, ganha de nós pela insistência. Não é lá fora que ele está, mas no escondido do coração. Isto é uma simbiose maligna: nossa natureza carnal interagindo com a substância satânica.
Cristo nos previne que o mal é o que sai, não o que entra. É do interior dos homens que procedem às intenções infernais. Me parece que a natureza carnal se associa ao rei dos terrores para praticar o mal e desobedecer a Deus. Que coisa! O pecado tem a capacidade de unir os dois principais personagens sondados constantemente por Deus, o homem e o maligno. Uma dupla que dá o que falar tanto nas regiões celestiais, como também na terreal.
A Cruz do evangelho é o único instrumento capaz de alcançar nossa carne e impedi-la que se associe ao mal. A proteção que precisamos está em nós cruciformizarmos, ou seja, que a nossa vida seja constantemente impactada pela mensagem da cruz. O único jeito de não negociarmos a fé na escassez e não abandoná-la na fartura é manter a Cruz no centro das nossas intenções. Literalmente: cruzes que andam, cruzes que se relacionam, cruzes que trabalham, cruzes que negociam, cruzes que oram, cruzes que socorrem, cruzes que sangram, cruzes que choram, cruzes que sofrem… a todo tempo, crucificados.
Passarmos a ser conhecidos, não como cristãos, mas crucificados.
Se conseguirmos entender que é crucia fincarmos a cruz no centro do nosso coração, ela não somente vai impedir o crescimento do mal, como também estimular o florescimento do bem. Tê-la e senti-la como incomodo, pode nos caracterizar como autênticos seguidores de Cristo.
Quero lembra-los que, salvação dos homens, não se deu pela glória de Deus, mas pela cruz de Cristo. Ela não foi somente um instrumento de suplício, mas um caminho que nos conduz à vida eterna. A cruz pode atrair escárnios, abandono e dor, em compensação, é o único meio para ouvirmos: “ainda hoje estarás comigo no paraíso”.
Não estou sugerindo baixar a guarda da vigilância, mas ter um modo de vida de alguém que está, a todo instante, crucificado. Cruciforme-se!