Notoriamente somos uma geração de crentes insatisfeitos e insaciáveis. Cada vez mais, penso, que o evangelho genuíno, ainda não alcançou boa parte dos cristãos, pois não temos visto que alma e espírito, juntas e medulas foram tocados e alcançados pela Palavra que fere. Há um exército de homens e mulheres que ainda não tiveram os pensamentos e propósitos dos corações discernidos pela espada do Espírito. Será que temos pregado o evangelho genuíno?
Buscamos aquilo que desejamos desesperadamente, como se tudo dependesse desse sucesso, mas logo desprezamos a vitória alcançada, em seguida, nos lançamos em busca de novos sonhos. O objeto que tanto queríamos, não nos agrada mais quando o temos, porque já estamos embriagados por novos desejos. Vontades desregradas se transformam em cobiças e ambições carnais. Quero lembrá-los, que o inimigo da nossa alma, está atento aos nossos desejos, ou seja, nossas vontades de ter e ser. Não fique na mira do mal!
A insaciabilidade nos compromete no agradecer, porque ninguém agradece aquilo que despreza e já não quer mais. O insaciável é aquele que vê Deus como um instrumento de busca, como uma extensão dos seus próprios desejos, não como ser absoluto, que a tudo e a todos satisfaz, que nos permite o equilíbrio e a equivalência em sonhos alcançados, ou que ainda não foram conquistados. Em Deus, o próprio sonho já nos satisfaz, mesmo quando não é possível toca-lo.
Se perco o interesse pelos sonhos alcançados, logo, o que me motivou na busca, não foi o objeto, mas a compulsividade do poder ou do ter. Há aqui uma insatisfação em ser o que é e ter o que tem. A insaciabilidade é uma eterna comparação, uma inveja e o desejo de se ter ou ser, o que o outro tem ou é.
Os sonhos são faróis que reluzem os nossos caminhos, que nos convida a grandes jornadas e nos desafiam rumo ao desconhecido, mas não devem ser inconsequentes, destruindo os sonhos dos outros, enquanto buscam, empurram outros para baixo.
Sonhos insaciáveis nos consomem, nos devoram, pois não valorizam o que temos agora e não reconhecem o preço pago, para ter o que temos e ser o que somos. Sobra instabilidade, contudo, falta completude. A lógica de Deus não nos desafia a buscar, mas a compartilhar o que temos. Do ponto de vista bíblico, há maior satisfação em dar do que receber. Logo, sonhos alcançados, mas não compartilhados, retroalimentam a síndrome da insaciabilidade. Quem não se tornar uma fonte de águas refrescantes, também não terá uma refeição com mesa farta. O insaciável permeia um vazio emocional desprovido de paz, alegria e contentamento, elementos essências, para se buscar o que quer com equilíbrio e viver satisfeito com o que tem.
Deus é do tamanho do vazio da nossa alma, e só ele nos dá completude.
· Quem quer conquistar o mundo, mas não valoriza as pequenas coisas, sempre permanecerá insatisfeito.
· Quem busca ser maior e melhor que os outros, ainda não contemplou a si mesmo no espelho.
· Quem quer ser visto ou lembrado, ainda não descobriu, que a segurança que precisamos, é o anonimato.
· Quem sonha com tronos e principados, ainda não sabe o valor que tem uma vida simples.
· Quem busca as bênçãos celestiais, mas despreza as lutas terrenas, ainda não entendeu que amar é se doar, aqui e agora.
“Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas…” Rm. 11:36
Deus é tudo em todos, ou seja, existimos por causa dele, por ele e para ele. Nossa condição divina não deveria nos fazer seres saciáveis? A completude não deveria ser a marca do cristão genuíno, que ao invés de pedir, agradece por tudo que tem e é?
Deus, me dá! Suspira a alma vazia.
Deus, te agradeço! Glorifica o crente satisfeito.
Você tem uma crença insaciável, por isso roga, ou, tens completude em Deus, por isso agradece?